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domingo, 20 de março de 2011

Eu espero






Eu espero

O meu idioma é um dialeto que nenhum mortal é capaz de entender.
Eu fico no quarto sozinha, mas se eu quiser ir embora, eu vou.
Nada me prende. Nada nem ninguém.
Eu me levanto, rabisco as paredes, arranco pedaços da tinta.
Mas não há ninguém aqui pra brigar.
Eu faço uma flor de papel, imitando uma realidade na qual nem eu mesma acredito.
Só pra me sentir viva, pra sentir que eu existo e que não é impossível ficar feliz.
Mesmo tão sozinha.
Você se pergunta, porque eu não saio daqui.
Mas se eu saísse também não faria diferença.
Os olhares me atravessam, se chocam contra os meus, mas não dizem nada.
As pessoas se afastam, se escondem e isso é bem pior pra mim.
O luar me invade e me diz que a manhã está perto.
E eu espero.
Quase tão anciosamente quanto eu espero por alguém que me faça sentir a vida que há em mim, mas se escondeu há muito tempo.
Alguém que me faça sentir o amor que eu ainda não descobri, o gosto de sonhar acordada...
O dia de amanhã virá, virá sim!
E eu espero, por bons tempos.

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